
Assim fez meu pai, o Hanna, várias vezes citado aqui, ao chamar os filhos de Babel (pronuncia-se Bábel em árabe - é a Cidade de Babel ou Babilônia) e Saumar (a Suméria).
Incompreensível aos olhos ocidentais, o nacionalismo árabe é um profundo amor e respeito à história e glória do passado do seu país. Eu e meu irmão fomos impressos com essa marca, destinados a contar essa história por toda nossa vida. Não temos o mesmo nacionalismo, ao menos não no mesmo nível, que meu pai ou seus amigos cultivaram em relação à Síria ou demais países de origem. Mas não somos de forma alguma, nem conseguiríamos ser, alheios e desvinculados à realidade daquela terra. Traços como o nome, o alimento, as notícias, fazem acender em nós uma chama que denuncia de imediato a nossa origem.
Eu compartilho isso com meu irmão todos os dias. Somos parte viva do Hanna, partes vivas da Síria que nunca será tão nossa quanto foi dele, pois nosso amor pátrio se dividiu, se transformou em um amor por justiça, por verdade, e por paz, no que diz respeito ao Brasil e à Síria;
Suméria é considerada a primeira civilização da história, pelo fato de ter sido a primeira a desenvolver um alfabeto e uma escrita, a cuneiforme. Situada entre os rios tigre e eufrates, na região conhecida como mesopotâmia, origem dos povos semíticos, Suméria foi uma grande civilização, e serviu de base para os povos que a seguiram, Acádios, Assírios, Babilônios e outros. Dentre o pouco que se sabe desse povo, destaca-se um texto resgatado de diversas tábuas de argila, conhecido como "A Epopéia de Gilgamesh". Essa eu vou ter o prazer de postar à parte, mas vale ressaltar que um de seus trechos narra algo muito semelhante à história do dilúvio bíblico e da arca de Noé - em tese, esse texto foi criado entre 3.000 e 2.000 a.C.
Babel ou Babilônia foi conhecida como o berço das leis, o famoso código de leis de Hamurabi, e da Torre de Babel. Acredita-se que tenha sido uma grande metrópole, um entreposto comercial da antiguidade, onde pessoas de diversas origens vinham trocar ou vender suas mercadorias. O nome poderia ser traduzido como "porta para Deus", provavelmente fazendo menção aos diversos portões de entrada da cidade, cada um dedicado a um deus da época. Gore Vidal, em seu romance histórico "A Criação", nos apresenta uma Babilônia multicultural, um polo de comércio e religião fervilhante. Frederico Arbório, italiano que escreveu "Dos Sumérios a Babel", diz que todo rei da mesopotâmia que controlou e preservou a Babilônia foi bem sucedido, e os que a destruíram acabaram por perderem seus impérios.
Os nomes de Saumar e Babel contém, dentro de si, sementes para outras versões da história, onde a prioridade pode não ser o ocidente.
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