quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Para Onde vai a Força?

Meu avô Issa, o "Abu-Hanna", desejou por muitos anos o retorno do filho homem que assumiria o trato da terra. Meu pai, Hanna, quis muito mesmo uma vitória política provocada quase sempre pela predominância da razão sobre a força, ou ao menos o exercício da força justificada que, como meio, justificaria os fins.
Para onde foram seus desejos, após sua partida? Nas intermináveis discussões com meu pai, o ponto de oposição era seu materialismo e minha crença em alguma transcendência, sem muita técnica ou pesquisa da minha parte - apenas o desejo que algo além da razão pudesse haver. Às vezes me pego pensando nos desejos não realizados do meu pai, e penso que essa frustração esteve presente desde a sua morte, e estará presente até a minha. Se guardo muitas coisas positivas do meu pai, sinto de perto ainda suas maiores fraquezas... ao mesmo tempo, tento não trazê-las para mim. Mas não é tarefa fácil.
Em algum canto, o velho Issa planta uma oliveira. Cuida dela por uma vida, caia o caule para protegê-la das pragas, cava um sulco na terra, levando a água até suas raízes. Issa colhe os primeiros frutos, ainda ruins, pois a árvore precisa amadurecer na sua natural arte de gerar frutos, azeitonas boas que dêem bons azeites. O velho Issa espera por nós, seu desejo provocando apertos no peito.

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