domingo, 24 de agosto de 2008

A Gráfica do Nauaf Harden

Na década de 70 era um hábito do meu pai visitar a gráfica do Nauaf Harden, e muitas vezes ele me levava consigo. Nauaf redigia um pequeno jornal escrito em árabe (acho que o nome era "Al Sabah", que significa "A Manhã", mas tenho que consultar os mais velhos...), voltado aos imigrantes árabes, com notícias relevantes das terrinhas. Eu ficava lá, admirando aquela prensa, mexendo nos tipos de chumbo, enquanto Nauaf e Hanna discutiam a política e discordavam bastante.
Nauaf publicou um livro em português contando a história de Cartago ("O Cartaginês") e de Aníbal, o belo e sua derrota sob o jugo romano.

Nunca entendi direito as divergências entre Nauaf e meu pai, mas elas foram fortes o suficiente. Por conta delas, dentre outras, meu pai foi se afastando do partido político sírio, o nacional social sírio, que ele presidiu e ajudou a manter no Brasil. Embora nunca saísse de fato nem perdesse contato total com diversos amigos, Hanna só foi buscar uma retomada nos contatos com intuito de voltar a influir no partido "caumi suri" no ano de sua morte. Eu não leio árabe, e nunca pude me aprofundar nos escritos do meu pai, mas ele produziu muito, embora desordenadamente, a vida toda, e em especial no ano de sua morte. Sua maior obra talvez tenha sido plantar homens e idéias em torno de um projeto político ideal para a Síria, seu país de origem (que ele amava de uma maneira talvez incompreensível para muitos ocidentais hoje), e para o seu partido.

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