quinta-feira, 17 de julho de 2008

Saad

Saad foi criado como o homem do Yourghaki. Sua educação teve talvez uma pontinha de dureza militar, um certo rigor por parte do meu avô, e a conveniência de ser homem num ambiente machista. O árabe dentro do Saad parecia não existir quando ele era moleque. Ele era brasileiro e tinha amigos brasileiros. Viveu cabeludo nos anos 70, cheio de festas, amigos e tudo a que tinha direito um jovem nos anos 70. Em casa era bravo. Às vezes eu tinha medo dele, odiava ser acordado, e eu adorava brincar no seu quarto e mexer na sua mesa cheia de souvenirs. Não sabia nunca quando ele iria rosnar ou me tratar mal, ou então me levar pra passear cantando "leaozinho" junto com o rádio do carro. Eu ia de vez em quando aos bares e reuniões de amigos do Saad. Me apresentava como a um adulto, muitas vezes falava coisas de adulto comigo, perguntava de sexo e namoradas, brincando. Com saad tomei um de meus primeiros porres, e vi meu primeiro filme pornô, junto com Saumar, meu irmão, então com 9 anos. Saad foi muito próximo, depois se afastou muito. Em que ponto ele achou que deveria cultivar imagens, eu não sei precisar. Só sei que quebrar essas imagens com um impulso ou outro acaba sendo sua marca registrada.

Saad se casou com Marlene Jazra Haddad, neta de Sírios de São Paulo, e juntos tiveram dois filhos, Jorge e Victor.

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