Por Claude Fahd Hajjar,
Psicóloga, psicoterapeuta e
pesquisadora do tema Oriente Médio
As duas explosões que ocorreram em 10 de maio de 2012 em
Damasco, às 7e30 no horário local, geraram revolta e indignação na comunidade
internacional, temor e tremor na população síria e inúmeras reflexões e
questionamentos na população de origem síria na imigração.
É temerário pensar que estas ações poderiam ter sido
executadas por cidadãos Sírios opositores ao Governo; assim como,
é inverossímil crer que os organismos de segurança do governo do
Presidente Bachar Al Assad teriam algum benefício com semelhante ação.
A tragédia que assistimos pela TV ontem deve ser atribuída a
pessoas, entidades ou governos interessados em prejudicar a sociedade síria,
impedindo que se estabeleça o diálogo nacional proposto pelo CS da ONU. Tal
diálogo só poderá ser levado a cabo se for respeitado por todas as partes do
conflito. Caso isso não seja possível, o CS da ONU ameaça intervir. A impressão
que temos é que, justamente quando a Síria está concluindo uma eleição para o
Parlamento e,concomitantemente, recebendo os observadores da ONU, os ataques se
intensificam como provocações que buscam a instabilidade que justificaria uma
intervenção externa.
Mas quem deseja a
guerra ao diálogo?
Sabe-se através das
agencias de notícias, que a Turquia deu abrigo e treinamento ao “exercito livre
sírio” na fronteira com a Síria. E a
agencia noticiosa da Síria, mostrou o grande número de sequestros de civis,
assim como, franco atiradores posicionados
em Homs, que tinham como único objetivo
atingir oficiais, personalidades, e jovens que se negavam a empenhar armas e se
mantinham solidários ao governo ou dentro de uma oposição que apoia o
diálogo.
As agencias noticiaram a apreensão de armas e munições que
vinham da Líbia, que seriam recebidas através do porto do Líbano e
contrabandeadas para a Síria. Ainda através das agencias de notícias sírias e
libanesas, temos conhecimento da
presença de mercenários sauditas
(salafitas) e outros, que estiveram presentes na Líbia e no Egito, estão agindo
na Síria, e cooptando ativistas e opositores
ao regime sírio mediante salários mensais.
Aqueles que lutam
contra o diálogo nacional na Síria só podem ser considerado criminosos a
serviço de governos ao quais interessa a
desestabilidade da sociedade síria. No intuito de cumprirem a sua agenda, tais
criminosos plantam na sociedade síria um terror que, há mais de quatro décadas,
não se via por lá. Há bem pouco tempo, a Síria era considerada um dos países
com menor taxa de criminalidade do mundo. Agora, a instabilidade e a incerteza predominam.
Nada justifica esta carnificina que se instalou na Síria e
que vem sendo financiada com o dinheiro dos países do CCG (Conselho de
Cooperação do Golfo) e seus aliados, disposto a depor o Governo Assad à revelia
da opinião do povo Sírio.
Que exista oposição ao Governo, sim concordamos e
consideramos salutar.
Que exista uma
disputa política e um Dialogo Nacional para que, os muitos erros, sejam sanados,
concordamos e consideramos assertivo.
Mas por que da destruição de prédios, e a morte de civis inocentes?
Crianças e jovens a caminho do trabalho e escolas?
Gigantescas explosões
em bairros residenciais e centrais?
O objetivo destes terroristas e os governos enfermos, que os
apoiam é levar a instabilidade ao povo
de Damasco. Ameaçar as grandes cidades. Criar o caos e a desordem e minar a
estrutura da sociedade síria.
O Império não aceita
ser desafiado.
Tudo começou em 2003 quando o Presidente Bashar Al Assad não
aceitou ser aliado dos EUA de George W. Bush e Dick Cheney
na invasão ao Iraque.
Foi decretado aí o final do governo Al Assad.
Ou o governo de Bashar Al Assad torna-se aliado do governo americano e da OTAN na Invasão ao Iraque, e colabora com a destruição do governo, povo e da infra- estrutura do Estado Iraquiano ,ou, estaria decretado o seu fim.
Foi decretado aí o final do governo Al Assad.
Ou o governo de Bashar Al Assad torna-se aliado do governo americano e da OTAN na Invasão ao Iraque, e colabora com a destruição do governo, povo e da infra- estrutura do Estado Iraquiano ,ou, estaria decretado o seu fim.
Foi em 29 de setembro de 2003 que o governo americano, convocou
uma conferência em Washington dedicada ao futuro da Síria, da qual participaram
personalidades e representantes de partidos políticos sírios que atuavam nos
EUA. Foi confiada a tarefa, a estes opositores, de buscar alianças com os seus
pares, opositores Sírios na Europa e na Síria. Começa aí o financiamento da
Oposição Síria. (L’expresso,pg.78e79,5 febbraio 2004, di Dina Nascetti)
Em 2003,
a Síria vivia o início de sua abertura política e
econômica, que resultaram no afrouxamento da vigilância de suas fronteiras, por
onde as armas financiadas pelos EUA, CCG e OTAN com os seus aliados no Líbano e
na Turquia, tornaram real a posse de armas e a luta armada.
A “Primavera Árabe” teve início em janeiro de 2011 na
Tunísia, inspira o Egito, e se estende para a Líbia e atinge a Síria.....Em
menos de três meses se espalha pela porção do mundo árabe não alinhada aos EUA,
mas – Pasmem! - não consegue contagiar a
Arábia Saudita, a Mãe de todas as ditaduras
do Mundo Árabe, onde, apenas para citar um exemplo, as mulheres não podem
dirigir um automóvel ... O fato da
primavera árabe não contagiar a Arábia Saudita é um grande indício (porém não o
único) de ter sido um movimento fabricado por Países do Ocidente. Mas para encobrir o que?
A Criação do Estado
da Palestina
Foi no dia 1 de dezembro de 2010 que o Presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, declarou a necessidade da Criação do Estado da Palestina com as
fronteiras, anteriores a 1967.
Esta declaração do Brasil, que foi o primeiro país a dar o
seu apoio á criação do Estado da Palestina foi seguida por outros 140 países,; e que fora
referendada em 23 de setembro de 2011, quando a Presidente Dilma Russeff, fez o
seu histórico pronunciamento, da
primeira presidente mulher a usar o pódium da Assembleia Geral da ONU.
A Campanha pelo
Estado da Palestina Já , estava sendo articulada pela diplomacia do Presidente
Abbas. Esta ação afirmativa da Autoridade Nacional Palestina, não interessa a Israel, e não interessando a
Israel, não Interessa aos EUA; e não interessando aos EUA, não interessa à OTAN...
e logo também aos seus aliados no
Golfo...
Com as “Primaveras Árabes", mudaram o foco do mundo...
O foco saiu do Estado de Israel, país antidemocrático, de
governo não-laico, segregador, preconceituoso e racista, opressor e usurpador
das terras Palestinas e a quem não interessa a criação do Estado Palestino.
O novo foco de
atenção do mundo foi dirigido aos países árabes não alinhados com Washington, que sempre
denunciaram a política de dois pesos e duas medidas que o Ocidente Norte
Americano e seus aliados empregam na sua relação com o Estado de Israel e o
povo Palestinos.
Uma Primavera que nunca existiu, pois, desde o início foi
estimulada e monitorada....No Egito pela infiltração da Cia junto à
Fraternidade Muçulmana ( que foi convidada a Washington e recebida na Casa
Branca em 5 de abril de 2012; na Líbia orquestrada por Sarkozy desde outubro de
2010; e na Síria como vimos acima, com suas sementes remontando a 2003 e à
invasão americana ao Iraque.
Vamos aguardar os acontecimentos, mas queremos crer que o
mundo não é mais o mesmo desde o veto da China e da Rússia em 4 de fevereiro de
2012 no Conselho de Segurança da ONU.
Fica registrada aqui a nossa indignação com todos aqueles
que acreditam que podem substituir o fomento ao desenvolvimento, à criação, à
produção, ao bem estar e à felicidade dos povos pela guerra e, assim, destruir a soberania e a
dignidade das nações .
Os últimos quarenta anos da Síria puderam criar um grande
bem estar, progresso, educação, saúde e moradia para a maioria da população Síria.
Faltava muito? Sim, sempre falta, em todos os países do planeta, mas não vai
ser através dos ”Senhores da Guerra” e da destruição que iremos implantar o bem
estar e a paz.
A receita dos “Senhores da Guerra”, invadir para proteger,
levaram o Iraque a retroceder 40 anos. A
ação na Líbia resultou na morte de 140mil cidadãos e conduziu a um retrocesso
de outros quarenta anos.
Não podemos permitir que esta tragédia também seja o destino
da Síria.
Sim ao Dialogo Nacional! Sim à deposição de armas! Que todas
as responsabilidades sejam apuradas.
A tragédia de 10 de
maio de 2012 não poderá ficar impune!
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