terça-feira, 15 de maio de 2012

EUA, OTAN e CCG (Qatar e Arábia Saudita) Aliados para a Destruição da Síria


Por Claude Fahd Hajjar,                                                                                           
Psicóloga, psicoterapeuta e
pesquisadora do tema Oriente Médio


As duas explosões que ocorreram em 10 de maio de 2012 em Damasco, às 7e30 no horário local, geraram revolta e indignação na comunidade internacional, temor e tremor na população síria e inúmeras reflexões e questionamentos na população de origem síria na imigração.
É temerário pensar que estas ações poderiam ter sido executadas por cidadãos Sírios opositores ao Governo;  assim como,  é inverossímil crer que os organismos de segurança do governo do Presidente Bachar Al Assad teriam algum benefício com semelhante ação.
A tragédia que assistimos pela TV ontem deve ser atribuída a pessoas, entidades ou governos interessados em prejudicar a sociedade síria, impedindo que se estabeleça o diálogo nacional proposto pelo CS da ONU. Tal diálogo só poderá ser levado a cabo se for respeitado por todas as partes do conflito. Caso isso não seja possível, o CS da ONU ameaça intervir. A impressão que temos é que, justamente quando a Síria está concluindo uma eleição para o Parlamento e,concomitantemente,  recebendo os  observadores da ONU, os ataques se intensificam como provocações que buscam a instabilidade que justificaria uma intervenção externa.

Mas quem deseja a guerra ao diálogo?
 Sabe-se através das agencias de notícias, que a Turquia deu abrigo e treinamento  ao                               “exercito livre sírio”  na fronteira com a Síria. E a agencia noticiosa da Síria, mostrou o grande número de sequestros de civis, assim como,  franco atiradores posicionados em Homs,  que tinham como único objetivo atingir oficiais, personalidades, e jovens que se negavam a empenhar armas e se mantinham solidários ao governo ou dentro de uma oposição que apoia o diálogo. 
As agencias noticiaram a apreensão de armas e munições que vinham da Líbia, que seriam recebidas através do porto do Líbano e contrabandeadas para a Síria. Ainda através das agencias de notícias sírias e libanesas, temos conhecimento  da presença de  mercenários sauditas (salafitas) e outros, que estiveram presentes na Líbia e no Egito, estão agindo na Síria, e cooptando  ativistas e opositores ao regime sírio mediante salários mensais.
 Aqueles que lutam contra o diálogo nacional na Síria só podem ser considerado criminosos a serviço de governos ao quais interessa  a desestabilidade da sociedade síria. No intuito de cumprirem a sua agenda, tais criminosos plantam na sociedade síria um terror que, há mais de quatro décadas, não se via por lá. Há bem pouco tempo, a Síria era considerada um dos países com menor taxa de criminalidade do mundo. Agora, a instabilidade e a incerteza predominam.
Nada justifica esta carnificina que se instalou na Síria e que vem sendo financiada com o dinheiro dos países do CCG (Conselho de Cooperação do Golfo) e seus aliados, disposto a depor o Governo Assad à revelia da opinião do povo Sírio.
Que exista oposição ao Governo, sim concordamos e consideramos salutar.
 Que exista uma disputa política e um Dialogo Nacional para que, os muitos erros, sejam sanados, concordamos e consideramos assertivo.
Mas por que da destruição  de prédios, e a  morte de civis inocentes?
Crianças e jovens a caminho do trabalho e escolas?
 Gigantescas explosões em bairros residenciais e centrais?
O objetivo destes terroristas e os governos enfermos, que os apoiam  é levar a instabilidade ao povo de Damasco. Ameaçar as grandes cidades. Criar o caos e a desordem e minar a estrutura da sociedade síria.

O Império não aceita ser desafiado.
Tudo começou em 2003 quando o Presidente Bashar Al Assad não aceitou ser aliado dos EUA de George W. Bush e Dick Cheney na invasão ao Iraque.
Foi decretado aí o final do governo Al Assad.
Ou o governo de Bashar Al Assad torna-se aliado do governo americano e da OTAN na Invasão ao Iraque, e colabora com a destruição do governo, povo  e da  infra- estrutura do Estado Iraquiano ,ou, estaria decretado o seu fim.
Foi em 29 de setembro de 2003 que o governo americano, convocou uma conferência em Washington dedicada ao futuro da Síria, da qual participaram personalidades e representantes de partidos políticos sírios que atuavam nos EUA. Foi confiada a tarefa, a estes opositores, de buscar alianças com os seus pares, opositores Sírios na Europa e na Síria. Começa aí o financiamento da Oposição Síria. (L’expresso,pg.78e79,5 febbraio 2004, di Dina Nascetti)
Em 2003, a Síria vivia o início de sua abertura política e econômica, que resultaram no afrouxamento da vigilância de suas fronteiras, por onde as armas financiadas pelos EUA, CCG e OTAN com os seus aliados no Líbano e na Turquia, tornaram real a posse de armas e a luta armada.
A “Primavera Árabe” teve início em janeiro de 2011 na Tunísia, inspira o Egito, e se estende para a Líbia e atinge a Síria.....Em menos de três meses se espalha pela porção do mundo árabe não alinhada aos EUA, mas – Pasmem! -  não consegue contagiar a Arábia Saudita, a  Mãe de todas as ditaduras do Mundo Árabe, onde, apenas para citar um exemplo, as mulheres não podem dirigir um automóvel ...  O fato da primavera árabe não contagiar a Arábia Saudita é um grande indício (porém não o único) de ter sido um movimento fabricado por Países do Ocidente. Mas para  encobrir o que?

A Criação do Estado da Palestina
Foi no dia 1 de dezembro de 2010 que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, declarou a necessidade da  Criação do Estado da Palestina com as fronteiras, anteriores a 1967.
Esta declaração do Brasil, que foi o primeiro país a dar o seu apoio á criação do Estado da Palestina  foi seguida por outros 140 países,; e que fora referendada em 23 de setembro de 2011, quando a Presidente Dilma Russeff, fez o seu histórico  pronunciamento, da primeira presidente mulher a usar o pódium da Assembleia Geral da ONU.
 A Campanha pelo Estado da Palestina Já , estava sendo articulada pela diplomacia do Presidente Abbas. Esta ação afirmativa da Autoridade Nacional Palestina,  não interessa a Israel, e não interessando a Israel, não Interessa aos EUA; e não interessando aos EUA, não interessa à OTAN...  e logo também aos seus aliados no Golfo...

Com as “Primaveras Árabes",  mudaram o foco do mundo...
O foco saiu do Estado de Israel, país antidemocrático, de governo não-laico, segregador, preconceituoso e racista, opressor e usurpador das terras Palestinas e a quem não interessa a criação do Estado Palestino.
 O novo foco de atenção do mundo foi dirigido aos países árabes  não alinhados com Washington, que sempre denunciaram a política de dois pesos e duas medidas que o Ocidente Norte Americano e seus aliados empregam na sua relação com o Estado de Israel e o povo Palestinos.
Uma Primavera que nunca existiu, pois, desde o início foi estimulada e monitorada....No Egito pela infiltração da Cia junto à Fraternidade Muçulmana ( que foi convidada a Washington e recebida na Casa Branca em 5 de abril de 2012; na Líbia orquestrada por Sarkozy desde outubro de 2010; e na Síria como vimos acima, com suas sementes remontando a 2003 e à invasão americana ao Iraque.
Vamos aguardar os acontecimentos, mas queremos crer que o mundo não é mais o mesmo desde o veto da China e da Rússia em 4 de fevereiro de 2012 no Conselho de Segurança da ONU.
Fica registrada aqui a nossa indignação com todos aqueles que acreditam que podem substituir o  fomento ao desenvolvimento, à criação, à produção, ao bem estar e à felicidade dos povos pela  guerra e, assim, destruir a soberania e a dignidade das nações .
Os últimos quarenta anos da Síria puderam criar um grande bem estar, progresso, educação, saúde e moradia para a maioria da população Síria. Faltava muito? Sim, sempre falta, em todos os países do planeta, mas não vai ser através dos ”Senhores da Guerra” e da destruição que iremos implantar o bem estar e a paz.
A receita dos “Senhores da Guerra”, invadir para proteger, levaram o Iraque a retroceder 40 anos.  A ação na Líbia resultou na morte de 140mil cidadãos e conduziu a um retrocesso de outros quarenta anos.
Não podemos permitir que esta tragédia também seja o destino da Síria.
Sim ao Dialogo Nacional! Sim à deposição de armas! Que todas as responsabilidades sejam apuradas. 

A tragédia de 10 de maio de 2012 não poderá ficar impune!

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